"Somos simples animais / E toda a vida lutamos / Contra tudo e os demais, / Pelo que mais desejamos."

quinta-feira, abril 21

Ricardo Reis - uma composição

Chegou (finalmente) a vez de Ricardo Reis:
























Reis - A sua poesia caracteriza-se essencialmente pelo epicurismo “triste”e pelo estoicismo (o seu objectivo é achar a ataraxia – tranquilidade, paz interior, felicidade moderada) e neopaganismo. Reis vive consciente da Morte e da efemeridade da vida e de que tudo no mundo (até os Deuses) está sujeito a esse Destino. Ele ensina, também, uma arte de viver que permite uma vida com um mínimo de sofrimento e uma chegada à morte pacífica; tudo o que se tiver vai-se perder, por isso não vale a pena criar ligações fortes, compromissos, responsabilidades, e deve-se passar pela vida calmamente, de forma tranquila, sem paixões nem ódios nem tristezas – em resumo, sem estabelecer pontes na vida que se vai perder e que vão causar sofrimento. Este heterónimo defende o “Carpe Diem”, ou seja, aproveitar os bons momentos que a vida oferece, mas sem se deixar dominar pelas emoções. Reis diz, ainda, que não deve haver materialização nem “prazer carnal”, mas sim espiritual.
Nesta composição, relativa a Ricardo Reis, decidimos abordar um lado talvez um pouco diferente do usual. Em vez de tentar transmitir a calma e serenidade que a poesia de Reis parece comunicar, abordamos o lado mais “negro” deste heterónimo. Tentámos, então, representar o buraco negro que parece sugar toda a vontade de viver de Ricardo Reis – poder-se-ia dizer, até, que o buraco negro representa a Morte que continuamente ‘assombra’ Reis e o impede de amar, criar ligações, compromissos, ter paixões ou ódios. As palavras sugadas pelo buraco negro representam isso mesmo: a eterna sombra da Morte e a realidade de que tudo desaparece retiram a Reis todo o alento para viver e a vontade de “prazer carnal”, deixando-o rendido à procura da ataraxia (a paz interior) e do prazer espiritual.

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